Folha muito apreciada pela Senhora das Águas, Òsún. Erva de muito asé e que traz muita prosperidade. Sua aparência lembra o abebe (leque ritual) que Òsún (e também Iyemonjá) sempre traz consigo, e que utiliza tanto para se admirar, como para se proteger dos seus inimigos. Outros nomes que recebe são erva-tostão e folha-de-dez-réis, sugerindo que suas folhas lembram moedas, dinheiro. É interessante observarmos que essa denominação vai de encontro a sua utilização nas casas de candomblé, que a utilizam para atrair a prosperidade dessa iyagbá, que ama o ouro. Ainda chamamos o abebê de acariçoba, lodagem, erva-capitão e em Portugal é conhecida como chupa-chupas (pirulitos).
O nome grego Hydrocotyle refere-se à afinidade de muitas destas plantas pela água (Hydro significa água) e ao formato das folhas (kotyle= significa pequena xícara). Existem diversas espécies pertencentes a gênero Hydrocotyle, entretanto podemos destacar duas: a H. vulgaris, que gosta de lugares alagados e possui folhas na posição horizontal (viradas para cima) e a H. bonariensis, que vive em solo arenoso perto da praia com folhas que ficam na vertical (em pé). Segundo os antigos, o abebê utilizado para Òsún seria aquele que nasce na beira d’água, enquanto aquele que nasce em locais secos seria atribuído ao orixá Sango, sendo inclusive uma de suas maiores folhas de fundamento.
A Hydrocotyle bonariensis é uma espécie pioneira, típica de restingas litorâneas, formada por um caule comprido, rastejante, que se subdivide várias vezes e que, a intervalos irregulares, vai lançando hastes verticais, ora com folhas ora com flores. Como o caule está soterrado na areia, só as folhas e inflorescências ficam visíveis. Na praia da Barra da Tijuca essa espécie é vista em abundância vegetando próxima dos quiosques.
Na fitoterapia costuma-se fazer uma espécie de creme com as folhas para aplicar na pele, com o intuito de acabar com manchas e sardas. A ingestão das folhas é contra-indicado, devido às mesmas serem consideradas tóxicas, entretanto suas raízes costumam ser utilizadas em decoctos, tida como diurética e desobstruente do fígado, porém é emética (provoca vômito) em doses fortes. Sua função diurética também faz com que seja utilizada no tratamento de hipertensão arterial. Seu uso durante a gestação deve ser evitado. Pessoa de Barros e Eduardo Napoleão em sua obra Ewé Òrìsà (1999) citam que suas folhas teriam ação calmante e tonificante cerebral, quando ingeridas com leite.
Por isso cantamos para essa folha, que dá poder para quem canta:
Ábèbè ni gbo wa Ábèbè ni n'bó
Ewe ábèbè Ábèbè ni gbo wa Ábèbè ni n'bó Ewe ábèbè
Tradução livre
É a folha de Abebe que iremos ouvir
Folha que cultuamos sobre a ení
Folha do Abebe
Ewe ábèbè Ábèbè ni gbo wa Ábèbè ni n'bó Ewe ábèbè
Tradução livre
É a folha de Abebe que iremos ouvir
Folha que cultuamos sobre a ení
Folha do Abebe
Moro na freguesia do ó em São Paulo.
ResponderExcluirOnde poddo encontrar essa folha?
Grato
Oi
ResponderExcluirAchei muito legal essa sua pagina, divulga a cultura africana com responsabilidade e informações botânicas que facilitam bastante p quem não têm o seu conhecimento do uso ritual.
Obrigada pelas informações importantes.
Alice